19 de mai. de 2014

Sobre as Convenções



Eu creio na beleza, sempre cri.

Mesmo sabendo que a beleza é apenas mais uma convenção, como quase todas as coisas. Como Deus. Como a morte, até, vai saber.

Por ser pessoal e abstrata - além de convencional - a “minha” beleza está constrita na frágil e limitadíssima compreensão que tenho das coisas. É difícil achar bonito o que não se entende. Não há código para decifrar beleza que se esconda pela ignorância de quem (não) a vê.

Por isso mesmo continuo crendo na beleza, como se fosse Deus, enquanto tento entender um pouco mais das coisas para ir afrouxando as amarras que a ela imponho.

Tenho a música por ofício. E paixão. Fui criando, nessa dialética confusa que travo com a música, minhas próprias convicções a respeito dela própria e de mim. E, como de costume, só sobra a beleza. Uma beleza que, como fui percebendo, é supra genérica, transgeracional, plurirrítmica e mais quantos neologismos (ou não) sejam necessários para demonstrar que: embora limitada, ela é maior do que as mesquinhas prateleiras preconceituosas da minha cabeça (de)formada sistematicamente por muitas outras convenções.

É por isso que choro quando vejo Dori Caymmi cantando “apenas” com seu violão e me arrepiei quando ouvi pela primeira vez Karina Buhr cuspir verdades ruidorrágicas na minha cara. Assumi meu compromisso com a multifacetada beleza, convenção tão minha, não com as siglas, os rótulos e as nomenclaturas criados por outros, balizamentos arbitrários e não menos convencionais.

E beleza não dá bolor.


Um comentário:

Anônimo disse...

fazia tempo que eu não vinha. adoro. preciso vir mais. beijo